domingo, 28 de outubro de 2012

Pais, os heróis!


O meu sobrinho esteve doente, nada de grave, uma prisão de ventre, mas o suficiente para o médico de família o encaminhar para o hospital.

Dado condicionantes várias, acabei eu no hospital com ele.

O meu menino-anjo, nem se queixava, apesar de andar assim, continuava a comer, dormir e até brincar. Mesmo no hospital, continuou entretido, quase bem-disposto. Até que lhe aplicaram o microlax, aí, apesar de não ter chorado verdadeiramente, ficou a contorcer-se e gemer de dores durante horas que tiveram minutos a mais. Com ele nos braços, eu, perdida, fazia-lhe festinhas, massagens, tentava acalmá-lo o melhor que sabia, dilacerada pela impotência de não poder afastar dele as coisas más.

O tempo passou e 4 fraldas sujas depois, ele parecia estar mais cansado do que com dores. Voltámos a casa e depois de o entregar nos braços da mãe cujas mãos eram pequenas demais para todas as festas que lhe queria fazer, sentei-me sozinha e chorei todas as lágrimas que o meu sobrinho conteve. Sentia-me cansada, fraca, impotente, assustada…

Uma das minhas vividas recordações de infância é de otites extremamente dolorosas que tinha, o meu pai ficava ao meu lado a lançar-me ar quente para os ouvidos, que não sei se fazia bem, mas acalmava a dor. Lembro-me de ser pequena e pensar que o meu pai estava cansado, do dia de trabalho que tinha tido, do dia de trabalho que aí vinha, de se desfazer em ar quente para meu conforto, e lembro-me de não conseguir pedir-lhe para parar e dormir, pelo contrário ficava a suplicar-lhe ajuda até adormecer de cansaço. Nunca na altura percebi que talvez o cansaço do meu pai, acima de tudo, se devesse ao desespero de não poder fazer nada mais definitivo a não ser ver o tempo passar.

Agora percebi o quão arrasador pode ser, não consigo explicar, mas também não consigo pensar nisso sem um nó na garganta.

Diz-se que pai é aquele que fica à nossa cabeceira quando estamos doentes, e agora percebo que de facto é uma das provas de fogo de ser pai…

 

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