quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Para a minha irmã:


Como eu acredito que para aprender é com quem sabe, sigo vários blogs sobre a temática de ser mãe. Mas sem duvida o blog “Mãe e Muito Mais” em http://fernanda-e-filhos.blogspot.pt/ tem se mostrado o meu preferido, desde dicas extremamente uteis como por exemplo a ideia de fazer uma lista de “coisas para passar o tempo” para manter os miúdos ocupados em períodos de menor actividade como as férias e fins-de-semana, a posts que me fazem pensar, como o ultimo sobre dicas para aumentar a auto-estima, mostra-se um blog útil, interessante e escrito de forma simples e agradável.

Mas e então o que teve o post sobre auto-estima que me deu tanta vontade de escrever? Uma das dicas do post, refere-se às críticas e cuidados a ter pois podem influenciar a auto-estima do criticado. Ora como eu já referi antes, eu lido com a minha irmã mais nova praticamente como de uma filha se tratasse, como tal, sempre senti minha obrigação mostrar-lhe constantemente quando ela agia mal. Para mim isto sempre foi perfeitamente natural (ainda mais eu, que tenho a mania que sei sempre tudo…) e quase 20 anos passados ainda hoje sinto ter sempre uma palavra a dizer quanto ao comportamento da minha irmã. Ainda assim, fiquei extremamente surpreendida quando este Verão ela me disse que eu sou muito critica e ela acha que não faz nada bem. Fiquei entre o incrédula e o atónita (por poucos segundos, que eu não sou muito de ficar sem palavras) e disse-lhe: “Não, é exactamente o contrário, tu és das pessoas mais perfeitas que eu conheço, tens tão pouco a melhorar que é fácil apontar-te quando não concordo com algo”. Ela lançou-me um olhar de desdém e não passou muito disto, mas de vez em quando lembro-me disso…

Talvez a comparação não seja muito feliz, mas para mim faz sentido. Imaginem que entram em casa de alguém de quem são íntimos e ele está em início de arrumações, tem a casa uma confusão e tudo remexido a preparar-se para organizar o espaço, qual a reacção? Nem sabemos onde nos colocar e tentamos é não mexer em nada porque nem sabemos o que fazer, certo? Mas se por outro lado, a casa estiver perfeitamente arrumada e virem apenas um pano que claramente caiu ao chão? Pegam no pano e arrumam-no, correcto? Bem, pelo menos isto é o que eu faço, e com a minha irmã é o mesmo. Quanto a mim ela é uma casa perfeitamente arrumada, só tem um panito que casualmente caiu ao chão, como tal eu só tenho que lho indicar para ela o poder arrumar e ficar tudo perfeito!

Pronto, imagino caras de horror, “Ninguém é perfeito” pensa alguém minimamente normal. Sim a minha irmã também não é perfeita, perfeita! Quanto a mim é displicente com dinheiro, mais desarrumada do que eu gostaria, e vive no centro do mundo exigindo o tempo e energia que alguém nesse estatuto merece. A questão é que a minha irmã só parece ser assim connosco (leia-se eu e os meus pais), porque estando por conta dela poupa dinheiro, detesta desarrumação e é perfeitamente compreensiva quando os amigos não podem dispensar o tempo que ela desejaria. O que me faz chegar a uma espinhosa conclusão: o defeito da minha irmã é … tcham, tcham, tcham…. ter sido extremamente mimada! Especialmente por mim e pelos meus pais claro está! Oh mea culpa mea culpa!

Sim, nós temos noção que sempre pressionamos um pouco o rebento da família, e ela também não nos deixa esquecer isso! Mas agora, vira-se o dedo, e porque pressionávamos nós a criança? Porque a minha maninha chamava a atenção desde pequena aonde quer que fosse, sempre super divertida e nada inibida, era a estrela nos desportos, na musica e nas artes, desenvolta e despachada, tudo o que fazia, fazia bem. A minha irmã sempre brilhou com luz própria e nós estivemos sempre na primeira fila a vê-la superar-se. Por isso ela também terá que perceber que sim, provavelmente a pressionámos, mas isso foi porque para a apoiar em todas as coisas que quis fazer, nós nos entregámos para que ela tivesse o sucesso que ambicionava, nós estivemos lá para os treinos e provas, estudei ao som da marcha nupcial e batemos palmas ao “Oh Susana”, fomos a festas de escola e tirámos fotografias às promessas nos escuteiros, como tal, como não esperar receber em troca tudo o que ela podia ser, se ainda por cima o fazia bem?

É que o problema é esse, eu trato a minha irmã quase como se de uma filha se tratasse, mas eu não sei ser mãe! Eu não sei ter aquele super poder, das mães que sabem dar tudo de si sem esperar receber nada em troca. Eu conseguirei dar muito, mas sim esperarei que ela seja tudo o que pode ser e no caso da minha mana, que tem tanto potencial, eu esperarei muita coisa porque isso é o minino que ela poderá ser!

Mas sim, talvez eu seja sempre a maior critica da minha irmã, mas isso é porque aconteça o que acontecer, eu serei sempre a sua maior fã!

Mas este post, é acima de tudo um pedido de ajuda à minha sis, porque um dia, eu terei os meus filhos e preciso que a tia os salve, me chame a atenção se as criticas forem demais e lhes explique que as minhas críticas são mais um reflexo do meu defeito, do que dos defeitos deles. Como sempre maninha, precisarei que estejas lá para mim…
 

Sem comentários:

Enviar um comentário